
O uso de iPSC no modelamento de doenças cardíacas
O advento da tecnologia de células-tronco de pluripotência induzida (iPSC) traz novas estratégias para a compreensão da patogênese de doenças e para o desenvolvimento de novas terapêuticas usando modelos que mimetizam tecidos. Doenças do coração contribuem significativamente para a mortalidade e morbidade mundial, com uma estimativa de 17,3 milhões de mortes por ano. A tecnologia iPSC permite mimetizar (modelar), in vitro, diversos órgãos como o coração. Isto abre novas alternativas para estudar cardiomiopatias associadas com a deterioração da função miocárdica, ligadas à insuficiência e morte súbita cardíaca.
A doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi é uma das doenças tropicais mais negligenciadas do mundo e afeta em torno de 8 milhões de pessoas na América Latina. Cerca de 30 a 40% dos indivíduos afetados desenvolvem a infecção crônica sintomática com cardiomiopatia dilatada, sendo esta a condição mais prevalente e a principal causa de morte em pacientes infectados com o T. cruzi. Na Stanford University, propomos o uso de cardiomiócitos derivados de iPSC humanas (hiPSC-CMs) para modelar a doença de Chagas e estudar os mecanismos e modulação da resposta imune pelo T. cruzi. Obtivemos com êxito iPSCs humanas de indivíduo que nunca foi infectado por T. cruzi e geramos cardiomiócitos humanos de linhagens de iPSC que foram infectados pelo T. cruzi. Esse modelo nos permitiu analisar a expressão gênica (RNA seq) dos cardiomiócitos humanos, fornecendo resultados que poderão ser utilizados para novas estratégias de controle da doença de Chagas e outras cardiomiopatias. (Dados não publicados)